No fim de semana passado andei por terras utópicas.
Para mim é sempre motivo de stress viajar por uma simples razão: comida.
Em Portugal, pelo menos, são poucos os sítios que têm a opção de comida vegetariana.
No entanto às vezes conseguimos dar um jeitinho à coisa.
Foi o que me aconteceu na Terra Utópica.
Chegámos a Mértola naquela manhã cinzenta. As ruas estavam vazias, assim como os nossos estômagos. A Terra Utópica estava mesmo ali. Era mesmo aquilo que precisávamos.
Saudou-nos com as pesadas portas de madeira fechadas. Assim que entrámos fomos assolados por memórias de Marrocos, a nostalgia do cheiro doce e do conforto das Riad em contraste com uma forte presença portuguesa, com travos a Alentejo. Uma ambiência perfeita e rústica, uma luz suave, a música dos filmes mudos dos anos 20 e livros tocados pelo tempo espalhados naquela casa acolhedora.
Com a decoração estava convencida.
O problema era a comida.
Não era totalmente.
Comida italiana, soa-me bem.
Tagliatelle ai funghi pareceu-me ser a coisa mais vegetariana que iria ver naquele menu. Mas não. Tinha bacon. Pedi para tirar o bacon e desfrutei do melhor tagliatelle da minha vida.
Ainda roubei algumas batatas fritas com oregãos do meu pai.
Para a sobremesa nada mais invernal do que laranja com mel e canela.
Comida de conforto, com todas as letras.
Saí da Terra Utópica com vontade de lá ter ficado.
E a vista?
Eu seria feliz ali, na minha própria utopia.
(fotos em scroll horizontal)
fotos tiradas com iphone
